A oração é um dos fundamentos da vida cristã. Mas diante de situações difíceis, muitos desanimam e abandonam sua prática. Para nos auxiliar nesses momentos, Deus deixou muitos exemplos e lições na Bíblia, para que sejamos perseverantes na Oração. A história do profeta Elias é um desses exemplos. Ele foi usado por Deus para desafiar a nação a voltar-se ao Deus de Israel. Pois, Acabe atendendo a sua esposa, trouxe o deus Baal para o país. Pela palavra de Deus enviada ao profeta, por sua obediência e oração, a nação ficou 3 (três) anos e seis (seis) meses sem chuva. Choveu novamente após a palavra do Profeta. O texto em foco exemplifica a importância da perseverança na oração. Desta forma, O objetivo desta mensagem é encorajar a igreja a manter-se firme na Palavra de Deus e perseverante na oração. O Cristão deve cultivar quatro atitudes diante dos desafios da vida.
a) Devido a uma estratégia política, Acabe casou-se com Jezabel, filha do rei de Sidom. O objetivo era obter paz com aquela nação, todavia, sobreveio angustia ao seu país. Desta forma, o deus Baal foi introduzido em Samaria: "O termo Baal, a palavra hebraica para "senhor" e "mestre", era empregado de maneira mais ou menos indiscriminada para com diversos deuses nacionais. O Baal de Tiro, contudo, era Melcarte, o principal deus dos tiros. Jezabel fazia o papel de principal sacerdotisa do Baal de Tiro. Melcarte era o tipo de deus que exigia o sacrifício de inocentes criancinhas queimadas sobre o seu altar. Um dos motivos latentes porque Baal era adorado, era a crença de que ele era o senhor da terra" (PFEIFFER, 2010, p. 56 e 57).
b) No monte Carmelo, Elias desafiou o povo a definir-se, entre Deus ou Baal (v. 21). Wiseman identifica o monte Carmelo como um lugar sagrado, também, para os seguidores de Baal: Monte Carmelo (seiscentos metros de altura, ao sul da atual Haifa) pode ter sido escolhido porquanto estava situado à fronteira de Israel e o território fenício e tratava-se possivelmente de um lugar venerado por ambas as partes (WISEMAN, 2006).
c) Elias demonstra ao povo que Acabe e Jezabel destruíram os demais profetas do Senhor, enquanto os de Baal se multiplicaram (v. 22).
d) Elias, então, desafia os profetas de Baal a clamarem por fogo vindo do céu, a fim de consumir o sacrifício dedicado a ele (v. 23 e 24);
e) Elias, em ato simbólico, restaurou o altar de Deus. Depois, derramou água sobre a lenha e o holocausto por três vezes. Após clamar ao Senhor, o fogo consumiu todo o holocausto (v. 39). Sobre essa oração, Wiseman comenta: "A oração simples (cf. v. 24) contrasta com os intensos delírios dos adoradores de Baal. Ele não invoca simplesmente uma demonstração de que Javé seja Deus, mas a conversão de Israel. Ele faz com que Deus se lembre de suas intervenções prévias, usando 'Jacó' para se referir a Israel, possivelmente como um termo de repreensão para a apostasia deste último" (Ibidem, p. 150).
f) "Confiantemente, com calma e segurança, o profeta agora continuou invocando o único Deus verdadeiro, o Deus de Israel. Para construção do seu altar, ele escolheu doze pedras - uma para cada uma das tribos de Israel. Embora política e socialmente divididas, na mente de Deus elas continuavam sendo um único povo, com um só Senhor e uma esperança messiânica. Portanto, Elias construiu o altar com exatamente doze pedras, como testemunho delas e contra elas. À volta do altar abriu uma fossa bastante grande para conter duas medidas, isto é, dois alqueires de sementes (medida para secos)". (PFEIFFER, 2010, p. 63).
f) Finalizado esse evento, Elias avisa a Acabe que choverá (v. 41).
a) Elias havia profetizado que não choveria (1 Reis 17.1): O profeta seguindo a ordem de Deus, declarou que somente iria chover após nova profecia sua: "Elias entrou em cena numa época em que a tentação de viver através de impulsos físicos e sensuais espalhava-se de forma ampla. Por isso, a época do profeta exigia não só um grande espírito como também determinadas realizações, e era contra o cenário daquela época que seu ministério deveria se desenvolver" (MULDER, 2005, p. 329)
b) Elias manda Acabe comer e beber, pois, o profeta já ouvia ruído de abundante chuva, observe-se que só o profeta ouvia (v. 41). Esse verso trata da fé de Elias, pois ele não estava ouvindo com os ouvidos naturais, mas sim, como os sentidos espirituais;
c) Elias não tinha ouvido ruído, ele tinha ouvido a palavra de Deus dizendo que choveria, a partir daí, ele ouvia ruído, via nuvens e sentia o cheiro da chuva. O senhor Jesus disse algo à igreja: "quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas" (Apocalipse 2.7). Desta forma, nós também precisamos ouvir o que Deus tem a nos dizer atualmente, sem nos preocuparmos em excesso com a aparência exterior;
d) Acabe é importante na história somente para confirmar a Palavra dita a ele (1 Reis 17.1). Deus estava mostrando que a chuva não viria por um acaso, mas pela Sua Palavra (1 Reis 18.1).
e) Antes de profetizar o retorno da chuva, Elias enfrentou os profetas de Baal no monte Carmelo. "Sacerdotes idólatras tinham tudo a seu favor, porque, ao meio-dia, o deus-sol estava no seu trono; mas não havia uma voz que respondesse" (F.B. Meyer, 2002, p. 194).
a) Enquanto Acabe vai para sua casa, Elias vai para o monte orar (v. 42). Ele manda seu moço olhar em direção ao mar e esse olhou sete vezes em busca de chuva (v. 43): "O mar era o Mediterrâneo. As águas ofuscantes do mar podiam ser claramente vistas das alturas do Carmelo. Seis vezes o servo de Elias foi enviado ao alto da montanha para observar a vinda da chuva. Em todas ficou desapontado" (PFEIFFER, 2010, p. 64).
b) Na sétima vez, o jovem viu uma pequena nuvem, isso foi suficiente para o profeta alertar a Acabe (v. 44). Precisamos reaprender a olharmos a situação com os olhos espirituais, "Porque andamos por fé, e não por vista" e "Não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas" (2 Coríntios 5.7 e 2 Coríntios 4.18).
c) Tiago usa o exemplo de Elias para nos encorajarmos a perseverarmos em oração. Em seu argumento, ele afirma: Elias enfrentou as mesmas dificuldades que enfrentamos (Tiago 5.13-18).
d) Talvez seja problema dos tempos modernos, desistimos na primeira tentativa ou no primeiro não de Deus. O caráter perseverante de Elias, bem como de seu servo, tem muito a nos dizer. É necessário orar e esperar, em oração, a ação de Deus (Habacuque 2.1).
a) Acabe, após a grande chuva, retornou a Jezreel, o rei demonstrou insensatez diante do fim da fome extrema (v. 45, conferir com 1 Reis 18.2). Pois, como governante, esperava-se de sua pessoa gratidão pelo fim da seca, principalmente para seu povo.
b) Elias é enviado a encontrar-se com Acabe na entrada de Jezreel (v. 46). Não nos compete especular o porquê Elias foi até Jezreel, mas é provável que ao ter avistado o profeta, Acabe recebeu de Deus mais uma oportunidade de arrepender-se. Todavia, não foi o que aconteceu.
c) Assim, vislumbra-se a graça de Deus: "O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; porém, é longânimo para convosco, não querendo que ninguém se perca, senão que todos venham a arrepender-se" (2 Pedro 3.9).
d) Acabe e sua esposa mantiveram-se reverentes a Baal, mesmo após o Senhor cumprir sua palavra: "E Acabe fez saber a Jezabel tudo quanto Elias havia feito, e como totalmente matara todos os profetas à espada.
f) Então Jezabel mandou um mensageiro a Elias, a dizer-lhe: assim, faça-me os deuses, e outro tanto, se de certo amanhã a estas horas não puser a tua vida como a de um deles" (1 Reis 19.1-2).
g) Infelizmente, rapidamente, esquecemo-nos de nossas vitórias e celebramos, por muito pouco tempo, os feitos do Senhor. O livro de Paulo aos Filipenses ensina a nos alegrarmos, em qualquer situação, no Senhor (Filipenses 4.18 e 19).
Pudemos aprender muito com essa história, dentre elas: 1. Existe a necessidade de o Cristão servir exclusivamente a Deus; 2. O crente precisa confiar irrestritamente na Palavra de Deus, ainda que lhe pareça algo absurdo; 3. A oração é o canal de comunicação com Deus que deve ser utilizado em todas as situações, boas ou más; 4. Por fim, o discípulo de Jesus precisa celebrar as bênçãos recebidas e manter-se grato. Assim, mesmo tendo promessas, necessitamos perseverar em oração. É importante celebrarmos as vitórias e não sermos insensíveis como Acabe.
1. Quais deuses a igreja cristã tem erigido no lugar do verdadeiro Deus?
2. Em 1 Reis 18, o país estava passando por três anos de escassez de chuva, todavia, Elias diz ouvir barulho de chuva. Desta forma, cite algumas situações que podem fechar nossos olhos para as coisas espirituais, minando nossa fé?
3. De que forma, a falta de paciência e a ansiedade dos tempos atuais podem nos desencorajar a orarmos?
4. Vimos que após três de seca, Acabe manteve-se impassível diante da chuva. Esse exemplo pode refletir alguma atitude que ocorre na igreja evangélica? Explique?
Em Cristo,
Anilton Oliveira
PFEIFFER, Charles F.. Comentário Bíblico Moody. São Paulo: Editora Batista Regular, 2010. (Volume I).
WISEMAN, Donald J.. 1 e 2 Reis: Introdução e comentário. São Paulo: Edições Vida Nova, 2006. (Série Cultura Bíblica).
MEYER, F. B.. Comentário Bíblico F. B. Meyer: Antigo e Novo Testamento. Belo Horizonte: Betânia, 2002.
MULDER, Chester O. et al. Comentário Beacon. Rio de Janeiro: CPAD, 2005. (Volume II).